8 de novembro de 2020

Diário de um Confinamento (45)


 (uma crônica de Michel Salomão)


Acordei levemente resfriado. Nesses tempos de pandemia, é quase uma sentença de morte, o suficiente para ser emparedado numa masmorra, mas tenho a certeza de que foi por causa da janela do quarto que ficou aberta, pois esfriou bastante à noite, apesar do calor que fez durante todo o dia. Já conheci várias pessoas que testaram positivo, mas não fiquei de sabendo de uma só que morreu: apenas um parente de um amigo do primo da madrinha da sobrinha da vizinha. Ninguém mais. Se fosse assim tão grave, saberíamos da morte de vários parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, apresentadores de TV, jogadores de futebol, políticos, líderes religiosos, celebridades, mas a notícia era que estariam morrendo, em média, mil pessoas por dia, só no Brasil, apesar de que agora baixou para trezentas, porque estão se aproximando as eleições, mas depois voltará aos mil, ou mais.

Esta pandemia está sendo altamente lucrativa para os políticos e autoridades que enchem os seus bolsos de dinhero com desvios e propinas, enquanto o povo fica aterrorizado em suas casas, com medo de espirrar ou tossir.

Dia desses eu estava no elevador da empresa em que trabalho, entraram dois caras de terno, e eles quiseram ser engraçados comigo. Um deles falou que estava com alguns sintomas da doença, mas que era para eu não me preocupar, e eu respondi rapidamente que também estava, e que havia acabado de fazer o teste, que deu positivo. Os caras apertaram rapidamente qualquer botão do elevador e saíram o mais rápido que puderam. 


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